VIAGEM AO CORAÇÃO DAS TREVAS de Nuno Faria
OS RECURSOS DO MÉTODO DE PEDRO VALDEZ CARDOSO de João Pinharanda
AD GLORIAM EPHEMERAM de João Pinharanda
SIGHTSEEING de Bruno Leitão
À LA CARTE de Bruno Leitão
OBJECTOS QUEER de José António Fernandes Dias
ENTREVISTA (CROSS-CULTURAL) de Lúcia Marques
QUARTO SEM VISTA de João Miguel Fernandes Jorge
O PESO DA HISTÓRIA@MNSR de Fátima Lambert
UMA CONVERSA CRUA de Hugo Dinis
MUNDOS INQUIETANTES de Xosé M. Buxán Bran
THE ORDER OF TODAY IS
THE DISORDER OF TOMORROW de Luísa Soares de Oliveira
CRUDE de Filipa Oliveira
MEMÓRIAS DOS ACTOS de Sandra Vieira Jürgens
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SIGHTSEEING
Ao longo do seu já extenso, embora recente percurso Pedro Valdez Cardoso têm-se cruzado recorrentemente com a ideia de identidade de povos e culturas de uma forma que nos coloca perante problemas ideológicos enquanto europeus após debates sobre o Modernismo e as suas apropriações das culturas não ocidentais e subsequente perpetuação de um espírito colonialista.
Pedro Valdez Cardoso acaba por enunciar essa ideia de apropriação e incorporação de símbolos ou modos de ver a Cultura e identidade de um povo por vezes manifestando o todo por uma das suas partes. Chama a atenção para as formas com que forçamos como povo a nossa própria compreensão e alinhamento da História e de como nos perpetuamos no tempo seleccionado valores e virtudes em detrimento de defeitos e falhas que nos negamos a apontar. Como se a Cultura de um povo fosse sempre feita apenas daquilo que a enobrece e nunca daquilo que a torna mundana e imperfeita, mesmo perante as evidências, tal como uma fotografia que emoldura uma selecção da realidade sem nunca a transmitir por completo.
Sightseeing é um projecto que tem como um dos alvos a ideia de turismo, mas que, cujo título enganadoramente, sugere essa agradável ideia de conhecimento que acumulamos ao visitar em lazer um sitio que nos é estranho ou no mínimo pouco familiar. A palmeira de napa remete de imediato para uma ideia de viagem e de tropicalidade... tal como as inúmeras palmeiras que existem em Lisboa, reminiscentes de um passado ligado ás colónias e como afirmação de um cosmopolitismo inédito na Europa no que toca ao contacto com o Mundo não Ocidental. Por outro lado as frases como “A good skin is a dead skin” ou “Punk is not dead”, remetem para um lado menos luminoso dentro do que é “pitoresco” da cidade de Lisboa,
Bruno Leitão
Outubro de 2012